A Antropologia de dois mundos completamente diferentes.
IGREJA X MUNDO GLBT |
Antropólogos atuais defendem que nossa sociedade tem passado por um processo de fragmentação, isto é: Que hoje temos indivíduos cuja personalidade reúne características ou ideias que antes pertenciam a grupos específicos.
Este hibridismo
começa a alterar a forma como algumas questões são encaradas, dentre elas,
temos a questão do homossexualismo. Além de ser bem antiga à sociedade, ela é
tratada com, no mínimo, certa cautela. É um fato recente nossa sociedade ter
uma aceitação ou ao menos uma tolerância maior por este grupo que sempre
existira, mas teve de ficar às sombras.
No âmbito
religioso, isso se torna ainda mais visível. Muitas religiões – focaremos na
evangélico-cristã, por ser a mais comum de nosso país – encaram o homossexualismo
como algo pecaminoso e completamente fora dos padrões da natureza. O versículo
22 do capítulo 18 do livro de Levítico – “22 - Com varão te não deitarás, como se
fosse mulher: abominação é;” – certamente ilustra isso muito bem. Por isso,
decidimos investigar como essa questão, junto com a fragmentação evoluiu entre
os grupos: religioso e homo/transexual.
Nossa hipótese
inicial era de que o grupo dos religiosos, apesar de não aceitar e não
permitir, faz ‘vista grossa’ para o crescente número de homo/transexuais e de
que o grupo dos homo/transexuais tenta adaptar as crenças religiosas a sua
realidade e conquistar um espaço que se não lhes é negado, julgam que é de
difícil obtenção.
Para isso
entrevistamos pessoas dos dois grupos com cinco perguntas:
1 – Você é seguidor de alguma religião?
Se sim, qual? Se não, gostaria de seguir?
2 – As crenças
e dogmas de sua religião permitem e/ou aceitam conceitos diferentes do
heterossexualismo?
3 – Como você
enxerga a fé?
4 – Acha que a
sexualidade – independente de qual seja – altera os valores morais de uma
pessoa?
5 – Como você
vê a questão do oposto dentro de uma religião? E da sociedade?
Com o grupo dos
homo/transexuais, tentamos com quatro pessoas das quais apenas uma aceitou
responder e conseguimos entrevistar duas pessoas do grupo dos religiosos.
Daniela –
pseudônimo de um transexual cujo nome de registro se limitou a responder com as
iniciais JAB – diz que não segue uma religião e não gostaria de seguir por não
sentir-se a vontade nestes lugares. Acha que as pessoas religiosas preferem se
distancias frente ao seu grupo ao invés de criar um convívio amistoso. Vê a fé
como uma necessidade humana independente do caráter; diz que o caráter pode
mudar sim os valores morais e a questão do oposto dentro de uma religião ou
sociedade pode ser incrivelmente relativa.
Já do grupo
religioso, nossos dois entrevistados Moisés Bernades e Fabiano Cardoso, membros
da religião cristã tiveram as seguintes opiniões:
Ambos aceitam e
toleram a pessoa que tenha uma sexualidade diferente da heterossexual, porém,
não são coniventes com a prática e citando Moisés “… não encontro na natureza
divina um terceiro sexo.”
Ambos vêem a fé
como algo além da apenas crença. Como um caminho espiritual a ser seguido.
Fabiano deixa isso bem claro com o seguinte dizer: “Enxergo a fé como uma saída
para o mundo que vivemos, para o encontro com Cristo.”
Os dois
divergem no ponto sobre o caráter a partir da sexualidade. Moisés advoga que
isso poderia mudar sim e dá como exemplo, uma criança que teria dificuldades em
distinguir um pai de uma mãe quando criada por um casal do mesmo sexo. Fabiano
já diz que não altera e que: “…a pessoa não se torna um monstro por ter uma
opção sexual diferenciada…”
Na última
questão, Moisés diz que em sua igreja as pessoas são aceitas da forma como são
e ele como cidadão faz o mesmo, mas questiona o porquê dessas pessoas terem
chegado a isso.
Fabiano não apóia
práticas de casamento homossexual e crê nos princípios religiosos de que Deus
criou o Homem e a Mulher para que estabeleçam uma relação e constituam uma
família.
Como podemos
ver, nossa hipótese inicial – apesar de uma baixa estatística – parece se confirmar.
Os religiosos que aceitam os homo/transexuais, tem certa restrição ao conceito
do coito entre pessoas do mesmo sexo. Por sua vez o grupo dos homo/transexuais
se sente ainda sem espaço e tentam se adaptar ao estilo da sociedade.
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Grupo: Moisés Athayde, Danilo Marfim Pedrini, Bruno da Silva Ferreira e Marcelo Figueiredo da Rocha.
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